sábado, 27 de agosto de 2011

De você, restou a saudade. Restou a vontade de te ver descer do ônibus e sorrir com aquele sorriso que o tempo desgastou, e abrir os braços com uma vontade contagiante de me ter e me caber com todos os centímetros de saudades naquele abraço.
De você, restou aqueles tempos de criança. Os tempos em que você corria no grama aqui de casa, jogando bola comigo e com o meu irmão. E depois você sentava, sentava para fazer o que mais gostava: tomar uma cervejinha.
De você, restou todas as fotos. As fotos que despertam em mim a memória daquele seu sorriso, o mesmo do ponto de ônibus. Você, sempre sorrindo. Podia cair o mundo, podia estar dando tudo errado, mas o sorriso estava pronto, estava feito, sempre estampado no rosto já velho e cheio de marcas de uma vida que não foi feita de grandes feitos, mas foi feita de muitas vitórias e conquistas e marcada por muitos amigos, amigos feitos aqui e ali, amigos de alguns minutos, amigos de bar.
De você, restou os ensinamentos. As frases que você dizia, quando sério ou para descontrair, ficam aqui para me lembrar de que alguém, um dia, me ensinou muitas coisas que devo repassar sempre que necessário.
De você, restou a alegria. A alegria que marcou a todos aqueles que tiveram o prazer de um dia conhecer você. Conhecer alguém que não consegue deixar alguém pra baixo, alguém que se preocupou mais com os outros do que a si mesmo. Um braço pronto para trabalhar.
De mim, restou o perdão. Perdão por não ter aproveitado mais, de não ter me dedicado mais, de não ter passado mais tempo ao seu lado, de não ter falado tanto quanto eu queria. Das vezes que eu te olhei e fiquei em silêncio apenas para te observar, das vezes que eu reclamei por você me apertar. Perdão por não ter cuidado tanto quanto deveria, por eu não ter corrido pra você quando você precisou de mim. Perdão por chorar toda vez que eu me lembro de tudo, se você sempre me ensinou a sorrir. Perdão por eu não poder mudar tudo que passou, por hoje ser outro dia.
De nós dois, restou o amor. O amor que carrego no peito e pra qualquer lugar. Um amor por alguém que esteve sempre tão longe de mim, mas sempre tão perto. Um amor que tempo nenhum consegue apagar.

24/08/2008 - 26/08/2008.