sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Não há muito para te falar, estou sendo obrigada a te escrever isso e por isso, talvez, eu soe um pouco apática, pode ser até intencional, pois já não tenho muito interesse em te agradar. É mais um ano que se está indo - e as datas pares também. Confesso, a minha paranóia com as datas oito já não é tão comovente como antes, pois agora o vivo como um dia qualquer em minha vida. É mais um ano que vira e não sei bem sobre como vai ser para você, espero que te emociones como o último ano de notícias que tive.
Minha vida mudou. Eu mudei. Tudo mudou. Você mudou. A sua vida mudou. O mundo mudou. Você digita certas coisas com tanta facilidade, o que é um pouco difícil para mim, pois parece que tu continuas no mundo antigo. Vamos, meu bem, é hora de acordar, olhar para a janela e ter a certeza de que há um oceano entre nós dois, e não digo isso apenas no sentido figurado. O tempo nos envelheceu. O tempo nos deixou amargos, nos fez tristes, amantes inconsoláveis, almas abandonadas que vagam sem destino. Ontem, éramos jovens esperançosos. Hoje, somos velhos sentimentais, pois te escrevo isso a fim de expulsar todo e qualquer sentimento que ainda sobrevive aqui. Não quero que tu sejas meu motivo de sorrir mais. Não quero que você seja a experiência mais fantástica da minha vida. Não quero mais tocar no seu nome quando falo de amor. Não quero que tu continues a viver aqui dentro, pois não há mais espaço para você. Eu tenho precisado tanto de mim, me preenchido com todo o amor-próprio que tenho. E orgulho e medo são coisas que preenchem tão bem o buraco que você cavou.
Hoje, eu sou movida por meus objetivos, mesmo quando não tenho nenhum. Sou movida por minhas amizades e pela vontade de viver que elas têm. Hoje eu respiro porque precisam de mim e não porque preciso de alguém. Hoje, nada me machuca tanto como você, nada faz doer tanto quanto e isso me tranqüiliza, pois há tanta coisa nesse mundo, há tanta coisa que poderia me destruir - mas não consegue porque, hoje, eu sou forte.
Hoje, eu vejo como é triste ver que acabou. Que, finalmente, acabou. Não há amor aqui dentro, só há compaixão. Você significou e ainda significa. E mesmo que eu tente, não vou conseguir fazer com que deixe de significar, mas me nego a tocar no seu nome de agora em diante. Acabou. Um amor lindo e forte como o nosso chegou ao fim. Eu e você não agüentamos o suficiente, não suportamos, se tornou difícil conviver com a situação.
Tenho certeza de que, em algum dia da minha vida, você vai bater forte nas minhas memórias - e isso acontece quando algumas coisas me machucam, raramente, mas acontece, não nego - e vou tremer ao conhecer alguém com o mesmo nome que o teu, mas que eu tenho certeza do que nós fomos e, agora, do que nós somos. Somos um eu e você solitário, somos um amor que acabou, somos o sonho que nunca se realizou, somos a vontade que perdeu a motivação. Somos bem mais do que pensamos que nós fomos, porque éramos ainda um "nós".
Espero que a emoção que te move agora esteja no mesmo ritmo que a minha. E espero, do fundo do meu coração, que você esteja tão bem quanto eu. E que consiga sorrir da mesma forma que sorria para mim. E que consiga olhar para uma mulher e a desejar tanto quanto me deseja. E que pense em seu futuro como pensava comigo, mas sem mim. Dessa vez, espero que respire fundo e pense antes de falar, espero que pense nas possibilidades antes de agir, espero que seja um pouco mais corajoso, um pouco mais esperançoso, um pouco mais de tudo e um pouco menos de amor. Espero que você seja um pouco mais de você e que tenhas orgulho e medo no coração, pois isso me fez mover montanhas para continuar a viver.
Que venha um novo ano. Que venham mais alguns dias e meses, sei que sobreviveremos a eles assim como sobrevivemos a "nós". Um brinde ao amor que existiu aqui e aí dentro.